David Bowie, Robert Fripp e os Eurythmics são alguns dos famosos que transportaram "1984" da literatura para a música pop. Nenhum deles, porém, explorou tão a fundo a "casa" como Hugh Hopper, ex-baixista dos Soft Machine.
George Orwell, influenciou, directa ou indirectamente, a cultura pop na sua vertente mais visionária. Orwell, no seu "1984", projectava o futuro com as cores negras da anti-utopia e do totalitarismo.
É necessário ser-se duro, ou delirantemente lúcido, para construir boa música inspirada neste universo de terror e claustrofobia. Os Progressivos, já na sua fase tardia, foram lá, mas sem grande sucesso.
Na década de 80 os Eurythmics, em pleno ano do "Grande Irmão orwelliano", gravaram o seu "1984 (For the Love of Big Brother)". Vivia-se a época cinzenta do pós-industrialismo e da "electronic body music" que pareciam dar razão aos funcionários dos ministérios da "paz", da "verdade" e do "amor"... "Sweet Dreams are Made of This", sem dúvida, não há como escapar à ironia deste outro título dos Eurythmics.
Coisa mais séria e musicalmente relevante, encontramo-la não na pop mainstream mas nas obras dos "dois grandes irmãos", Robert Fripp e David Bowie, deste último os albúns, "Heroes" e "Scary Monsters (and Super Creeps)". Fripp, abordou o tema em "Let the Power Fall", álbum de 1981, em que as suas "frippertronics" anunciam em cinco etapas (iniciadas em "1984" e terminadas em "1988") a chegada da idade do gelo.
Falta falar de Hugh Hopper, baixista dos Soft Machine, com o álbum intitulado de "1984" e foi editado originalmente em 1972, sendo que actualmente encontra-se disponível em CD.
"Figura proeminente do movimento de Canterbury (fez parte da banda seminal, Wilde Flowers), Hopper não poderia ter-se afastado mais dos campos relvados e dos surrealistas chás das cinco (suspeita-se que de haxixe...) que eram timbre deste sub-género do Progressivo, do que se afastou em "1984". Influenciado pelo minimalista Terry Riley (nunca será demais salientar a importância que teve para o rock mais experimental uma obra como "A Rainbow in Curved Air"), pelas "tape collages" do homem do Gong, Daevid Allen (nessa época envolvido na manipulação de fitas com a música de Ornette Coleman e as vozes de Ferlinghetti e William Burroughs) e pelo radicalismo revolucionário de "Third" dos Soft Machine, Hopper conseguiu criar o seu próprio mundo de sombras, tão ou mais assustador que o de Orwell."
Pedro Magalhães in Expresso
"Guerra é paz. Liberdade é escravidão. Ignorância é força" são, na obra de Orwell, os três lemas do Ministério da Verdade. Hugh Hopper pronunciou-os ao contrário.Miniluv - Hugh Hopper (1984)
projecto .

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